Senta-te um pouco, pois tenho algo para te dizer.
A única
coisa que não quero que passe por nós, é a vida. Sim, a vida. Sabes
porquê? Porque vivemos num mundo que a vê passar. Sei que és demasiado
racional para o perceber no dia-a-dia. Sei que simplificas e eu
complico. Sei que temos visões distantes acerca do que existe. Mas tenho
algo para te dizer. E vais ver que não
demora. Verás que quando terminares, apenas atrasaste uma ida ao
Facebook, o arrumar dos pratos na cozinha ou simplesmente deixaste a
sopa arrefecer. Pouco tempo passou, quando terminares. Mas e quanto da
vida já passou por nós?
Afinal, o que vêem as gentes do nosso tempo
quando se olham ao espelho? O que vêem elas quando olham para a pessoa
com quem partilharam a cama a noite passada? A vida hoje é pensada em
função de três coisas: trabalho, dinheiro e reconhecimento. Foram
esquecidos valores. O que a vida tinha de melhor já não faz parte do
diário de ninguém. As gentes do nosso tempo dizem que evoluíram. Sim,
evoluíram. Tanto criaram máquinas que se tornaram como elas. Repara:
nascemos, trabalhamos e morremos. As gentes do nosso tempo fazem do
trabalho a sua vida ou fazem dele o único meio condutor para a sua
felicidade. São mais felizes quanto mais trabalharem, quanto mais
receberem ao final do mês. São mais felizes quanto mais reconhecidas
forem na sociedade, quanto mais falarem delas e as invejarem. É assim
que funciona. Mas porquê? Pergunto-me, porquê? Como eu gostava de ter
nascido noutros tempos, sabes? Nos tempos em que não havia telemóveis.
Havia cartas. Havia bilhetes. Havia saudade e confiança. Havia mais do
que isto. Não gosto dos nossos tempos. Não gosto das nossas gentes. São
frias. Vivem para si e não para o outro. Conseguem viver ao lado de
alguém apenas porque sim. Não amam. Como conseguem?
Porque ser feliz não é ver a vida
passar. É passar e ir com ela.
Diz-me. Diz-me como conseguem as
gentes dos nossos tempos sentir tudo isto durante anos? Como conseguem
magoar-se uma vida, quando sabem que só viverão esta?
De que vale
ter uma casa com jardim, um carro preto com grandes estofos, um álbum
cheio de fotos à volta do mundo, quando nada é partilhado ? É isso, não vale nada. Por mais maravilhoso que seja o jardim da
casa, deixará de ser maravilhoso porque não o podes mostrar àquela
pessoa. Por mais incrível que seja o carro preto, deixará de o ser
porque não o podes emprestar àquela pessoa. E as fotos? De que vale ires
a Nova Iorque se não podes contar o que viste àquela pessoa? Ou se não
apareceste nas fotos com ela? Ou se não te espera no aeroporto depois de
longas horas de viagem? Não vale nada.
As gentes dos nossos tempos
não se importam. Elas só querem uma casa com um jardim maravilhoso, um
carro preto com grandes estofos e viajar para Nova Iorque. Desde que
haja alguém para as ver, elas vivem assim. Felizes, dizem. Não importa
quem dorme na sua cama, não importa a quem dão as mãos ou a quem fazem
promessas. As gentes dos nossos tempos são assim.
E já não há
cartas, já não há bilhetes, já não há saudade, nem confiança. Hoje tudo é
fácil. Hoje tudo é posto numa montra à frente dos nossos olhos. Hoje
tudo está à distância de um clique.
Mas sabes o que eu acho? Acho que esse clique aproxima quem está longe, mas afasta quem está perto.
A ti, só peço que não te afastes. Vamos ser diferentes das gentes dos
nossos tempos. Vamos viver por alguém. Morrer por alguém. Mandar cartas.
Mandar bilhetes. Ter saudade. Ter confiança. Não vamos deixar que a
vida passe por nós. Sabes porquê? Porque vivemos num mundo que a vê
passar.
Inês
I believe in the power of people , I believe in destiny I believe in evolution, I believe in what I see, I believe in LOVE (compilaçao de textos, frases que tem significado para mim.)
sábado, 24 de maio de 2014
sexta-feira, 9 de maio de 2014
"Quero meus amigos de verdade sempre perto.
Minha família sempre ao lado.
Gente boa me rondando.
O resto eu não quero.
Gente que suga, que só quer,
que não sabe ouvir, que tem inveja,
que não sabe rir de si mesma.
Não quero isso na minha vida.
Eu quero claridade, entende?
Gente clara, transparente.
Que pisa na bola, mas entende,
volta atrás, se assume."
Clarissa Corrêa
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